Divulgação de pesquisa sobre doações privadas ao Terceiro Setor no Brasil 15/02/2017 - 16:50
Prezados leitores,
Noticia-se que o perfil e as motivações do doador no âmbito do Terceiro Setor constituiu tema de pesquisa coordenada pelo Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, em parceria com grupo de atores e especialistas na área da doação no Brasil.
Essa pesquisa demandou bastante planejamento e superou uma trajetória difícil para ser financiada
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O objetivo inicial era que a pesquisa fosse um insumo para outro projeto, uma campanha voltada ao estímulo da cultura de doação no Brasil, mas os desdobramentos da iniciativa revelaram-se tão complexos que foi considerada um grande passo rumo à construção dessa nova cultura.
Os resultados do estudo em destaque permitiram o mapeamento dos hábitos de doação dos brasileiros. Na sequência, citam-se alguns dados obtidos:
i) PERFIL CLÁSSICO DO DOADOR (TEMPO, BENS E DINHEIRO) • Feminino • Acima de 40 anos • Região CO, NE e N • Maior instrução • Renda individual acima de 2 salários mínimos • Renda familiar acima de 6 salários mínimos • Satisfeita com renda • Pratica uma religião;
ii) A maior parte dos brasileiros – 77% - fez algum tipo de doação no ano de 2015, abrangendo tempo, bens ou dinheiro;
iii) Em que pesem o “mito” de que o brasileiro não tem cultura de doação e a desconfiança que paira sobre a efetiva destinação, 46% dos brasileiros doaram dinheiro para instituições sociais em 2015. Isso demonstra, mais uma vez, grande potencial para engajar mais brasileiros à prática de doar através de uma comunicação que comprove a eficiência e efetividade do trabalho das ONG’s, construindo credibilidade;
iv) As causas mais sensibilizantes são relativas às crianças e à saúde. Portanto, a sobreposição “criança doente” é um potencializador da sensibilidade. Isso explica o grande número de doadores que escolhem doar para Instituições que tratam crianças com câncer, por exemplo;
v) O excesso de proatividade na solicitação da doação surte um efeito negativo na disposição das pessoas em doar. A forma mais indicada é divulgação através de redes sociais, se possível com elementos tangíveis que confiram credibilidade à instituição e que o canal de doação não insinue uma obrigatoriedade. vi) Duas barreiras culturais ao ato de doar foram identificadas: a discrição em torno da ação, ou seja, o fato de as pessoas não julgarem positivamente comentários sobre o ato faz com que a cultura da doação não seja disseminada e a outra indica a necessidade de se aumentar a confiança nas organizações da sociedade civil.
No exercício da atividade extrajudicial voltada ao velamento de fundações privadas e ao acompanhamento das demais espécies de entidades do Terceiro Setor, assume especial relevo o papel do Ministério Público ao fomentar a doação a essas entidades, como agente conscientizador quanto à importância do aprimoramento da cultura da doação. Com o intuito de que a doação seja um ato informado, segundo a escolha cautelosa da organização, alguns pontos importantes podem ser destacados tanto à entidade captadora quanto aos doadores, frisando alguns indicativos de entidades que merecem o reconhecimento da sociedade civil: entidades que inspirem concreta confiança, como aquelas que desenvolvem trabalhos sérios e exponham com transparência os resultados atingidos; com abordagens que respeitem à privacidade do doador e à legislação; que possuam as licenças e certificados obrigatórios para o funcionamento e inscrição nos Conselhos de Políticas Públicas.
Mais detalhes sobre a metodologia utilizada e os resultados estão disponíveis no relatório de pesquisa, clique aqui.
Sugere-se também a leitura de notícia complementar sobre o assunto, disponível em: http://observatorio3setor.com.br/carrossel/idis-lanca-pesquisa-sobre-perfil-do-doador-brasileiro/
Atenciosamente,
Terezinha de Jesus Souza Signorini
Procuradora de Justiça/Coordenadora
Lidia Lopes da Silva Souza
Assistente Social - CAOP CFTS